Para Confrontar os Fascistas do Século 21

The following article is translated into Portuguese from the English original, written by Dave Hummels.

Esta semana o grupo hactivista Anonymous  iniciou ciberguerra contra os trogloditas buscadores de atenção da Westboro Baptist Church (WBC). Depois de essa igreja sediada em Topeka, Kansas ter anunciado sua intenção de fazer piquete nos funerais das vítimas dos disparos em escola na última sexta-feira em Newton, CT, pessoas filiadas ao Anonymous divulgaram a seguinte declaração no Vimeo: ”Não permitiremos que vocês corrompam as mentes dos Estados Unidos com suas sementes de ódio … Não permitiremos que vocês inspirem agressão às facções sociais que consideram inferiores. Tornaremos vocês obsoletos. Destruiremos vocês. Estamos chegando.”

De acordo com o Huffington Post, a conta no Twitter da porta-voz da igreja, Shirley Phelps-Roper, foi objeto de acesso sem autorização [hacked]. O Anonymous também cobrou crédito por derrubar o website da igreja e afixar online as informações pessoais dos membros da igreja. Em resposta inconvincente,  o homófobo-em-chefe da Westboro, Fred Phelps, tweetou: “Nunca ouvi falar do  Anonymous, mas de algum modo ele obteve nossas informações pessoais … Trata-se de NOSSAS informações, não de vocês para as divulgarem! Deus nos resgatará.”

O Anonymous, naturalmente, já desenvolveu considerável reputação por punir ampla variedade de pessoas violentas  — desde grupos privados como a Igreja da Cientologia a agentes do estado — que se beneficiam de intimidação ou são protegidas pela lei. Vocês talvez se lembrem de que esse grupo afixou informações pessoais do Tenente John Pike (anteriormente membro do Departamento de Polícia da Universidade da Califórnia em Davis) depois de ele serflagrado por uma câmera lançando spray de pimenta sobre manifestantes sentados. Depois desse incidente, o grupo declarou: “Não temos nenhum problema em visar a polícia e divulgar informações dela, mesmo se isso a puser em risco … porque queremos que ela experimente uma pequena parcela da brutalidade e da  dor intensa que nos impõe todos os dias (ênfase no original).”

Aqui porém está o problema. As pessoas visadas pelo Anonymous podem ter famílias ou outras pessoas próximas que também podem ser prejudicadas (física ou financeiramente) pelo acesso não autorizado e divulgação de informações pessoais. Pessoas associadas ao Anonymous já, por vezes, pediram diretamente informações acerca de membros das famílias de seus alvos. Durante o recente ataque à WBC, agentes secretos do Anonymous foram ao Pastebin.com para afixarem informações referentes a membros da família Phelps e a pessoas a ela vinculadas. Ao examinar rapidamente esses dados, descobri pelo menos três menores listados.

Para que fazer isso? Será que essas crianças seriam vistas como “danos colaterais” pelo Anonymous se alguém resolvesse atacá-las juntamente com atacar seus pais? Se sim, será o Anonymous muito melhor do que os órgãos do governo com os quais tem esgrimido? O Anonymous (e radicais em geral) bem fariam em lembrar o verso magistral de Bob Dylan: “Para viver fora da lei, é imperativo ser honesto.”

A despeito de minhas reservas acerca de algumas táticas empregadas pelo coletivo Anonymous, acredito que sua prática de revidar órgãos do governo opressores e dados ao segredo — em vez de recorrer aos “canais oficiais” — tem sido parte de uma tendência positiva de advertência ao estado. O hacktivismo, juntamente com crescentes filmagens da polícia, representa o que gosto de chamar de “pequeno irmão.” O Anonymous também está certo, em teoria, ao reagir agressivamente a grupos fascistas.

No que diz respeito a grupos como a WBC, a KKK ou os neonazistas, não me convencem as tautologias liberais “ignore-os, simplesmente.” Porventura as pessoas detiveram os camisas-pardas que saíam à cata de quem atacar mediante fazerem vigílias à luz de velas, cantarem canções folclóricas ou citarem Voltaire? Tanto quanto eu saiba, essas táticas sozinhas nunca detiveram as forças do fascismo. O fascismo se espalha quando as pessoas passam por agruras econômicas e sentem necessidade de bodes expiatórios. Eis porque é imperativo sufocar esses movimentos antes de eles ganharem maior influência.

Organizações como a Westboro Baptist Church devem ser enfrentadas agressivamente onde quer que se reúnam. Esse deveria ser um esforço da comunidade, não responsabilidade apenas de uma vanguarda ativista. A violência deve ser evitada, mas esses cretinos morais devem sentir que estarão em perigo mortal se decidirem aterrorizar pessoas de nossas comunidades. Os fascistas devem ser considerados ameaça a todos nós até que mudem seus métodos de agir ou morram. Coleta de inteligência, piquetes em casas ou empresas, colocar no gelo, ridicularização pública, boicote e outras formas de ação direta poderão ajudar-nos a manter os fascistas acuados e podendo ser facilmente monitorados. Se os fascistas tiverem de existir, é precisamente nessas condições que desejamos que eles vivam.

Artigo original afixado por Dave Hummels em 22 de dezembro de 2012.

Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.

Anarchy and Democracy
Fighting Fascism
Markets Not Capitalism
The Anatomy of Escape
Organization Theory