Parece que apenas fornecer armas aos rebeldes síriosnão basta. O governo dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais estão prestes a empregar força militar diretanaquele pequeno país do Oriente Médio. Já vimos ouvindo os tambores de guerra há longo tempo – e agora tão cedo quanto na quinta-feira bombas poderão a começar a cair sobre a Síria.
Em vez de mudança de regime, é-nos dito, as forças militares dos Estados Unidos procuram apenas “enviar forte mensagem” ao presidente sírio Bashar al-Assad para que pare (aparentemente) de usar armas químicas. Nada de política externa humilde e não intervencionista — para sermos humanitários precisamos bombardear outras populações. Essa retórica é liderada por diversos falcões da guerra também do lado Republicano do Congresso, especificamente John McCain, Lindsey Graham e oSenador dos Estados Unidos Bob Corker.
Mal-informado na mídia dos Estados Unidos, entretanto, e também empurrado para baixo do tapete pelas autoridades dos Estados Unidos, é como outras nações-estados estão reagindo às notícias. Os Estados Unidos, juntamente com Grã-Bretanha e França, foram advertidos pela Rússia (que forneceu armas ao governo sírio, não aos rebeldes apoiados pelo Ocidente, vejam bem) e pela China (a qual declarou que os Estados Unidos estão apenas precipitando-se, de novo, em tirar conclusões, sem citar evidência de uso de armas químicas) que mais intervencionismo militar no Oriente Médio terá consequências catastróficas para a região, é desnecessário, e endurecerá as relações entre as potências econômicas.
Bem poderão estar certas. Autoridades iranianas já reagiram mediante aumentar a retórica de guerra declarando que Israel será atacado com força plena da instituição militar síria e apoio pleno do governo iraniano (e possivelmente da Rússia) se o Ocidente intervier.
O que se está desdobrando diante de nossos olhos é como os estados se relacionam uns com os outros. Potências econômicas como Estados Unidos, Grã-Bretanha e França estão tomando atitude de confronto em relação a outras nações-estados com poder e influência crescentes no mundo: Rússia e China. O Oriente Médio tem estado, desde há muito, sob ocupação e coerção da política externa hegemônica ocidental — agora Rússia e China também desejam aumentar sua influência na região. Tudo caminha para crise.
A era moderna é de guerra total. A supremacia tecnológica criou armamentos capazes de destruição total. Embora os estados adiantados não estejammilitarmente envolvidos em guerra uns com os outros, há obviamente mudança de guarda ocorrendo. Não é indispensável conflito direto entre poderosos estados-nações — para isso existem as nações do terceiro mundo. O poder está escapando do ocidente. A instituição da nação fracassou e é óbvio que teria de fracassar — a instituição da nação é uma política central do estado, e não conducente a mercados libertos espontâneos. O Ocidente, como qualquer estado, não deseja ceder qualquer poder. Em decorrência, está caminhando para confronto direto com potências em ascensão a expensas de todos nós. Os estados do Leste também desejam ardentemente o poder, porque todos os estados o desejam. Deve estar bem claro para nós que essas potências não se deterão diante de nada em sua marcha para tornarem-se tão onipotentes quanto possível. Estados colocam hegemonia acima de sobrevivência.
Como ser humano, discordo. Discordo porque os estados fracassaram. O fracasso deles resultou no assassínio de incontáveis membros de nossa família humana. Estados são coisa não natural. São instituições centralizadas de força e violência. Os estados ignoram os aspectos fundamentais de cooperação vistos no trabalho anárquico, espontâneo e simbiótico dos seres humanos e de toda a natureza. Discordo porque tenho de fazê-lo. Assim como o século 20 testemunhou a ascensão do estado de tempo de guerra, o século 21 seguramente assistirá a seu desmantelamento. O trabalho criativo dos seres humanos construirá mercados, ajuda mútua, assistência, sociedades decentes e finalmente paz. Podemos construir e construiremos paz real e duradoura que tornará a vida na Terra digna de ser vivida — paz para cada filho da humanidade.
O mais excelente momento de nossa civilização humana está a nosso alcance. É hora de estirar-nos e atingirmos emancipação.
Artigo original afixado por Grant Mincy 28 de agosto de 2013.
Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.