The following article is translated into Portuguese from the English original, written by Kevin Carson.
Não há nada tão engraçado como a visão dos funcionários autoritários de uma ordem fenecente tentando reprimir uma revolução que não entendem — e fracassando miseravelmente.
A tentativa do Departamento de Estado de censurar arquivos imprimíveis de armas de fogo em 3-D doDEFCAD é a mais recente — e uma das mais divertidamente hilariantes — tentativa dos Senhores da Escassez de tentarem entender a revolução da Abundância que ameaça o poder deles. Menos de um dia depois de o DEFCAD ser forçado a removê-los, os arquivos apareceram em A Baía dos Piratas e Mega. Este último caso é especialmente engraçado; Kim Dotcom está provavelmente morrendo de rir a respeito.
Qualquer pessoa que já tenha ouvido falar do Efeito Streisand poderá ter contado a você que isso aconteceria. Tentar suprimir informação na Internet só faz chamar mais a atenção para a informação original — que permanece facilmente disponível — e outrossim deixar constrangido o pretenso supressor na medida em que a tentativa de supressão torna-se, em si, uma narrativa. Já perdi a conta do número de pessoas, ontem, que disse nunca ter ouvido de Cody Wilson ou de armas de fogo imprimíveis em 3-D antes da história da ação do Departamento de Estado tornar-se conhecida, mas pretendia ir à Baía dos Piratas – TPB e verificar. Graças aos não pretendidos esforços promocionais do governo dos Estados Unidos, provavelmente cem ou mil vezes mais pessoas sabem onde obter os arquivos imprimíveis de armas de fogo de Cody Wilson, em comparação com antes.
Nada obstante, os bocós que se congratularam há poucos dias a propósito de tirar do ar aqueles arquivos de armas de fogo imprimíveis não são exatamente o tipo de pessoa que você suporia ter ouvido falar do Efeito Streisand — obviamente. São como o parceiro do comediante que recita as frases que dão ao comediante a oportunidade de fazer piadas nessa peça, atuando só para nosso divertimento. São como a Matrona da Sociedade que entra no salão de jantar num curta dos Três Patetas e demanda: “Qual é o significado disto?!!” Para eles, a Internet é apenas uma grande Série de Tubos, e tudo o que eles têm a fazer é fechar uma válvula em algum lugar para controlar o fluxo de informação. Acontece apenas que a Internet não funciona assim. Na memorável frase de John Gilmore, ela trata a censura como estrago e a contorna.
Lembram-se do gracejo de Joe Biden acerca de “furto” de “propriedade intelectual” não ser diferente de “assalto-relâmpago na Macy’s”? A abordagem do governo dos Estados Unidos em relação ao DEFCAD ilustra a mesma fundamental concepção equivocada. Trata informação digital infinitamente replicável como se fosse bem finito e excluível existindo numa localização física, sobre a qual alguém pode exercer controle ou posse física do mesmo modo que se fosse apenas um sapato ou uma cadeira.
A lógica jurídica deles — legislação de controle da exportação — exibe o mesmo fracasso conceptual. Eles não conseguem entender que os “bens” que o DEFCAD estava “exportando” chegavam a seus portos de destino em todo o mundo no mesmo segundo durante o qual era feito o upload dos arquivos para o website.
Um arquivo digital pode ser replicado infinitamente com custo marginal próximo de zero; o mesmo padrão de informação pode existir num número ilimitado de lugares simultaneamente. Vê só? Acabo de fazer isso com a função copiar-colar de meu browser. Tente fazer o mesmo com a joalheria do Macy’s. Não é possível “furtar” uma canção ou um filme digital — o ato de replicação não afeta as cópias já na posse de outras pessoas, mas apenas aumenta o número de cópias no mundo. Eis porque copiar não caracteriza furto. Analogamente, você não consegue privar o mundo de acesso à informação mediante remover a cópia em um website.
Olhar para essas pessoas que ficam tentando usar ferramentas conceptuais da era da escassez para combater a abundância é como olhar Napoleão tentar derrotar Heinz Guderian ou Erwin Rommel com canhões em cima de duas rodas e infantaria em massa em formações de linha e coluna. Eles não detém as ferramentas conceptuais para entender, menos ainda para combater, a nova sociedade cujo nascimento estão tentando impedir.
Eis porque as tentativas do governo para impor escassez artificial falham toda vez, independentemente de quantas vezes ele lhes mude o nome — ACTA, CISPA, etc. — e tente de novo. Não há como consertar a estupidez.
Assim, para vocês, Senhores da Escassez — representados desta vez por seus lacaios nos Departamentos de Estado e de “Defesa” dos Estados Unidos, tenho uma mensagem: Vocês não têm nenhuma autoridade que devamos respeitar.
Artigo original afixado por Kevin Carson em 12 de maio de 2013.
Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.