The following article is translated into Portuguese from the English original, written by David D’Amato.
“Na mais recente manifestação de uma economia viciada em estímulo artificial,” escreve Colin Barr, daFortune, “o Sistema da Reserva Federal divulgou, na segunda-feira, lucro recorde de $81 biliões de dólares em 2010.” Barr destaca que a bolada do banco central é “mais dinheiro do que área bancária inteira ganhou ao longo dos últimos três … anos.”
Observa, também, que a maior parte desse dinheiro veio de juros dos empréstimos hipotecários podres que o Fed assumiu para aliviar seus compadres bancgsters quando a exploração, por estes, do mercado subprimário começou a dar errado. Pessoas leigas em economia podem ser desculpadas por se perguntarem como, no meio dos presentes problemas econômicos, o Fed está conseguindo resultados tão favoráveis, e poderíamos até olhar isso como prenúncio de recuperação mais vasta.
Isso, contudo, seria um equívoco. Do mesmo modo que o dinheiro que imprime, os lucros informados pelo Sistema da Reserva Federal não são o que parecem, representando retornos de investimentos precários que nenhum investidor com juízo faria. Esses investimentos pútridos incluem não apenas os títulos lastreados em hipotecas estratificadas que se tornaram o foco do desastre financeiro como, também, títulos do tesouro que patrocinam a dívida do governo federal. Mesmo essas participações gerando, agora, renda, a compra delas com dinheiro imaginário “impresso” eletronicamente significa que pessoas livres, financeiramente responsáveis, nunca tiveram a oportunidade de descobrir qual o preço de equilíbrio delas(*). (* clearing price – http://www.investopedia.com/terms/c/clearingprice.asp)
Como o Fed não pode atribuir a um ativo valor que ele não tenha de fato, o preço de mercado finalmente prevalecerá, mas não sem antes nós pagarmos a conta. O furto pelo Fed é um processo discreto e impessoal por meio do qual o homem comum anônimo “contribuinte” é destituído “a fim de manter os fundos fluindo pela economia.” E esse objetivo — a administração da economia — é o motivo pretenso do Fed para sua loucura, embora mal não faça todas as estruturas institucionais apoiarem o “Grande Demais para Falir.”
Não importa o modo pelo qual você guie nele, o processo político é uma avenida conducente a beco sem saída, com toda a atividade interna a tal processo representando, fundamentalmente, desperdício. E isso não se deve a qualquer ausência de pessoas bem intencionadas e moralmente sensíveis, nem a superabundância de maléficos cometedores do mal. Não; o resultado da política decorre, isso sim, do fato imutável de as leis dela não terem o poder de anular ou de alterar leis mais elevadas — situemos sua fonte em realidade natural, em Deus ou onde mais seja — que tornam impossível obter resultados positivos por meio da violência.
“A intervenção hegemônica,” escreveu Murray Rothbard, “substitui a ordem pelo … caos,” sendo essa ordem “o mecanismo de harmonia, ajustamento, e precisão” que ele situou na conduta consensual de indivíduos administradores de si próprios. O caos sintomático do “princípio hegemônico” é evidência não apenas da impraticabilidade de controlarem-se pessoas e a sociedade livre como, em verdade, daimpossibilidade de fazer-se isso; o estado — as pessoas e instituições que, por meio de agir agressivamente, o constituem — simplesmente não pode saber todas as coisas que teria de saber para “administrar” de modo bem sucedido as interações dentro da sociedade.
Consideremos o exemplo de uma família encarregada de administrar todos os outros lares de sua rua. Mesmo a família melhor organizada e metódica não terá comosaber todos os fatos indispensáveis para gerir todas as atividades de todas as outras casas, alocar eficazmente os recursos delas ou compreender os problemas específicos delas. Ainda assumindo-se que a família pudesse compilar os fatos relevantes, não seria capaz de interpretá-los de maneira que lhe permitisse empregar fundos e materiais adequadamente.
O controle político de nosso sistema econômico pela elite é mais tortuoso e menos direto do que aquele de nossa rua hipotética, mas o princípio fundamental e seus problemas concomitantes são os mesmos. Organizações hierárquicas como o Sistema da Reserva Federal, as enormes burocracias no timão de nossa sociedade, gozam de presunção a seu favor dentro de nossa estrutura conceptual. Se contudo escrutinarmos o que fazem, descobriremos que efetuam um conjunto de insanidades a que nunca nos permitiríamos em nossas vidas.
Artigo original afixado por David D’Amato em 10 de janeiro de 2011.
Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.