The following study is translated into Portuguese from the English original, written by Kevin Carson.
1. A Economia de Produção de Desperdício
2. Desperdício por causa de Rents de Escassez Artificial
3. Desperdício Decorrente de Trabalho de Guarda
5. Desperdício Decorrente de Insumos Subsidiados
6. Desperdício Decorrente de Desembolsos Compulsórios de Capital e de Overhead
7. Sistemas de Contabilidade e Vitrines Quebradas
8. Desperdício Interno no Processo de Produção
9. Desperdício Externo Decorrente de Marketing e de Obsolescência Planejada
10. Setores Desperdiçadores da Economia
Como já vimos acima, a produção em massa exige funcionamento do maquinário em velocidade plena, para minimização dos custos unitários, sem consideração para com se há ou não demanda preexistente. Esse modelo de produção em grandes lotes imbrica, por sua vez, o imperativo de controlar a sociedade externa para garantir demanda pelo produto, de tal modo que a economia não fique saturada de estoque não vendido. Isso é conseguido, em parte, pelos mecanismos de pressão de distribuição que vimos acima: marketing de alta pressão e obsolescência planejada.
Isso é conseguido, também, no nível macro, por meio da existência de setores inteiros da economia cuja função precípua é absorver excedente de capital e de capacidade de produção.
O governo tem intervindo (e continua a intervir) diretamente para aliviar o problema da superprodução, por meio de sua crescente prática de comprar diretamente a produção excedente da economia corporativa — por meio de política fiscal keynesiana, maciços programas de rodovias e de aviação civil, complexo industrial-militar, ajuda externa, e assim por diante. Baran e Sweezy destacam a crescente fatia do governo no PIB como “um índice aproximado do grau em que o papel do governo como criador de demanda efetiva e absorvedor de excedente foi crescendo no decurso da era capitalista monopolista.” [134]
Se os efeitos depressores do monopólio crescente tivessem atuado sem freios, a economia dos Estados Unidos teria entrado em período de estagnação muito antes do final do século dezenove, e é improvável que o capitalismo pudesse ter sobrevivido a partir da segunda metade do século vinte. Quais, então, foram os poderosos estímulos externos que contrabalançaram esses efeitos depressores e possibilitaram à economia crescer bastante rapidamente durante as últimas décadas do século dezenove e, com importantes interrupções, nos primeiros dois terços do século vinte? Em nossa opinião, são de dois tipos que classificamos como (1) inovações que marcaram época e (2) guerras e seus efeitos.
Por “inovações que marcaram época” Baran e Sweezy quiseram significar “aquelas inovações que sacodem o padrão inteiro da economia e portanto criam vastos escoadouros para investimentos além do capital que absorvem diretamente.” [135]
A crescente parcela total do PIB tomada pelos gastos do governo acompanha, em grande parte, a parcela de capacidade produtiva total cuja produção não encontraria demanda se o estado nem a comprasse diretamente nem subsidiasse sua compra. Dificilmente será exagero dizer que, para coisas tais como gastos militares e super-rodovias, fazer menos eficientemente é uma virtude; pois o único objetivo delas é absorver excedente de capacidade produtiva para a qual não haveria uso numa economia organizada eficientemente.
A produção militar emprega capacidade industrial que, de outro modo, ficaria ociosa. Subsídios para o complexo automóvel-rodovia, mediante tornarem o carro uma necessidade, impedem o fechamento de linhas de montagem em Detroit que ocorreria numa sociedade onde a maioria das pessoas vivesse a distância de onde trabalhasse e comprasse passível de ser percorrida a pé, de bicicleta ou por meio de transporte público.
Talvez a forma mais dispendiosa de intervenção do governo para absorver excedente de capital e de produção seja o imperialismo e as guerras com ele associadas. Da Depressão dos anos 1890 em diante, as elites corporativas passaram a perceber a economia como cronicamente tendente a superprodução e a superinvestimento, e a ação do governo como imprescindível para contrariar essas tendências. A ascensão do imperialismo estadunidense nos anos 1890 estava explicitamente vinculada ao imperativo de abrir pela força mercados estrangeiros para bens estadunidenses, e criar campo desimpedido para bens estadunidenses e para investimento de capital estadunidense tem sido o objetivo prioritário da política externa estadunidense desde os órgãos da Política de Portas Abertas aos de Bretton Woods e à Organização Internacional do Comércio – WTO.
O imperativo de integrar os mercados de países estrangeiros numa economia corporativa mundial estava por trás da rivalidade imperial que levou à guerra com o Japão; a política externa estadunidense foi explicitamente formulada em torno da meta de manter aberta uma “Grande Área” de mercados e recursos estrangeiros em face das tentativas de autarquia regional da Fortaleza Europa e da Esfera de Coprosperidade do Grande Leste Asiático. [136] E o sistema pós-guerra, com os Estados Unidos como garantidor militar, visou a impedir que outro aspirante a potência autárquica como a União Soviética subtraísse parte significativa dos mercados mundiais da economia corporativa mundial. O custo da Segunda Guerra Mundial e o custo do complexo industrial-militar permanente que nos têm onerado desde então podem, pois, ser subsumidos nessa rubrica.
E, naturalmente, as guerras elas próprias têm servido a importante propósito na absorção de excedente de capital e de capacidade produtiva. Nas palavras de Emmanuel Goldstein: “Mesmo quando armamentos de guerra não sejam com efeito destruídos, ainda assim sua fabricação constitui maneira conveniente de gastar poder de trabalho sem produzir nada que possa ser consumido.” A guerra é uma forma de “fazer em pedaços, ou derramar na estratosfera, ou afundar na profundidade do mar” excesso de produção e de capital. [137]
Nas palavras de David Bazelton: “Por que a guerra é tão esplêndida? Porque cria demanda artificial … o único tipo de demanda artificial, ademais, que não suscita nenhum problema político: a guerra, e só a guerra, resolve o problema do estoque.” [138]
11. “Não Há Trabalho Bastante”
12. Conclusão
Estudo original publicado por Kevin Carson 29 de dezembro de 2010.
Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.