The following article is translated into Portuguese from the English original, written by Kevin Carson.
Primeiro foi o Tenente John Pike da polícia da Universidade da Califórnia em Davis, cujo saque rápido do spray de pimenta relegou-o a uma vida inteira de saber que toda pessoa com quem interagir o verá secretamente como mais baixo do que uma solitária no cólon de Satã. Seu comportamento truculento, nacionalmente visto, e subsequente transformação em ícone nacional do mal eletronicamente divulgado foi uma advertência para toda a cultura da polícia — provavelmente a primeira lição a penetrar fundo mostrando que as coisas agora são diferentes.
Agora é o Governador do Kansas Sam Brownback. Sua pequena marcha da vergonha começou quando Emma Sullivan, estudante do último ano do colegial, tuitou observações depreciativas a respeito do comparecimento dele ao programa Juventude no Governo. A diretora de comunicações de Brownback, Sherienne Jones-Sontag, descobriu o tuíte numa pesquisa na Internet colocando o nome de Brownback, e foi choramingar para as pessoas do Juventude no Governo. O Juventude no Governo, por sua vez, foi choramingar para a diretora do colégio de Emma.
A diretora dela, alérgica a controvérsias, como os burocratas em toda parte — especialmente quando atinjam pessoas que controlam seus financiamentos — ficou possessa. Depois de passar-lhe um pito, determinou que Emma escrevesse uma carta de desculpas. Inclusive discriminou os pontos a serem abordados.
Mesmo que a história terminasse aqui, essa seria perfeita ilustração do narcisismo e senso de direito de posse das pessoas em posição de autoridade. Eis aí um sujeito em cargo de poder, cercado de bajuladores lambebotas e vacas de presépio eles próprios com enorme poder, que ganha mais dinheiro do que Deus. E quando uma colegial escarnece dele, ele corre em lágrimas soluçando convulsivamente por causa disso — como uma menininha da escola dominical calçando sapatinhos com alças que acaba de ver algum vagabundo expor suas partes privadas no parque. Oh, pobre, pobre homem!
Antigamente, a coisa teria acabado aqui. Só Emma e seu círculo imediato teriam sabido, e ela provavelmente teria acabado escrevendo a carta.
Mas não acabou. A história dela atingiu os blogs, distribuidores de súmulas e agregadores de notícias como um tsunami, e a conta dela no Twitter subiu de trinta para (enquanto escrevo) 14.220 seguidores. Há um par de dias, eram apenas 5.000. A história esparramou-se pelo longo fim de semana de Ação de Graças antes do pedido de desculpas dela ter o prazo vencido. Estimulada pela explosão de apoio público, e com o altivo apoio da mãe, Emma recusou-se a pedir desculpas. “Eu o faria de novo.” Essa é a diferença entre um político viscoso e uma jovem corajosa.
Agora Brownback, diante de todo o ridículo, está tropeçando todo em si próprio tentando recuar. Como é típico dos de sua laia, reagiu como uma barata correndo para baixo da geladeira quando a luz da cozinha se acendeu. Mas viscoso até o fim, está pedindo desculpas — não por si próprio — mas por “sua equipe,” que “exagerou na reação.” Que maçada! Eu não comeria nenhuma comida que minha equipe me trouxesse, se fosse ele. Se porém esse é o modo pelo qual ele normalmente trata as pessoas, provavelmente vem, sem saber, consumindo fluidos corporais há anos.
Os Pequenos Eichmanns do distrito escolar local, sem dúvida descansando seguramente na crença de terem pachorrentamente movido o Affaire Sullivan da caixa de entrada para a caixa de saída e mantido a máquina do estado funcionando azeitadamente, tiveram péssima surpresa. E como os burocratas de toda parte, entraram em modo pleno de controle de danos. Eis aqui a declaração oficial deles:
“O distrito não censurou a Srta. Sullivan nem infringiu sua liberdade de expressão. Não é exigido dela que escreva carta de desculpas ao governador.”
Ah, vocês querem dizer que foram pegos com a mão na cuia, certo?
Jones-Sontag, em comentários subsequentes para o Daily Star de Kansas City disse que aquele era um “momento de aprendizado” para os estudantes acerca do uso da mídia social. Era importante, disse ela, os estudantes aprenderem “o poder da mídia social,” porque a coisa continua lá para sempre.
Certo, foi um momento de aprendizado, mas não do tipo que ela pensa. Para os estudantes, foi um momento de aprendizado que ensinou exatamente o oposto do que as Fábricas de Processamento de Recursos Humanos têm tentado ensinar todos esses anos: Eles aprenderam “o poder da mídia social” de expor perversidades dos altos níveis. Aprenderam que tal exposição é uma danada de uma grande clava que eles podem pegar para bater no alto da cabeça de poderosas instituições, para igualar um pouquinho as coisas. E o fato de que a mídia social “é duradoura … na Internet” foi mais uma lição para as autoridades públicas do que para os estudantes: Estamos de olho em vocês, e não há onde se esconder.
Artigo original afixado por Kevin Carson em 29 de novembro de 2011.
Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.