Um Viva para a Rejeição do DADT

The following article is translated into Portuguese from the English original, written by Kevin Carson.

Com a rejeição do “Não Pergunte, Não Conte,” as forças armadas dos Estados Unidos puseram fim a pelo menos uma parcela importante de sua discriminação oficial com base em orientação sexual. Desde o acordo no Congresso no último outono — uma das poucas promessas do Presidente Obama que ele realmente levou adiante — a comunidade gay e lésbica vinha contando os meses, dias e horas. O MSNBC retumbava com brados de “Nunc dimittis!”  Assim, acrescentarei minhas próprias congratulações aos membros gay do serviço … acho.

À primeira vista, essa história parece uma grande vitória para qualquer pessoa que deteste ver instituições grandes e poderosas tripudiarem sobre a dignidade humana das pessoas e tratarem-nas como lixo. A um segundo olhar, entretanto, o que vocês acham que são as forças armadas do estado, afinal de contas?

Graças a esta recente abençoada ocasião, temos agora o prazer de saber que a tortura em Guantánamo — prisão cujo fechamento é promessa que Obama não levou adiante — é conduzida por uma instituição militar integrada não apenas sob o aspecto de raça mas também sob o aspecto de orientação sexual.

E as “entregas extrajudiciais,” as “técnicas rigorosas de interrogatório” na Base da Força Aérea de Baghram, e sabe lá Deus o que na rede de prisões secretas em todo o mundo — coisa que Obama nunca sequer prometeu fazer cessar — serão levadas a efeito tanto por gays quanto por heterossexuais. Que ótimo!

A missão principal de Exército, Marinha, Força Aérea e Marines é manter o mundo a salvo para as corporações transnacionais. E Deus tenha misericórdia de qualquer povo moreno em qualquer parte do mundo que se colocar no caminho de tal missão. Então agora gays e lésbicas têm direito igual de juntar-se à diversão de esfregar a bota de Tio Sam no rosto do mundo. Oba!

Este é um dos problemas do liberalismo da corrente majoritária: Substituiu a classe pela identidade. Em vez de questionar a estrutura do poder institucional nos Estados Unidos, e a exploração que ela possibilita, o liberalismo convencional meramente preconiza uma seleção representativa de mulheres, pretos, hispânicos e gays gerindo as instituições.

A série de Soledad O´Brien “Pretos nos Estados Unidos” na CNN, há alguns anos, mostrou um clipe do discurso do Dr. King “Eu tenho um sonho” — seguido por O’Brien dizendo solenemente que, como evidência da materialização daquele sonho, “Alguns são presidentes de empresas; alguns são secretários de estado.” Eu tenho um sonho pessoal: Ver o último presidente de empresa estrangulado com as vísceras do último secretário de estado.

Sugiro que, em vez de nos preocuparmos com se salas de diretorias corporativas, legislativos e gabinetes “têm cara de Estados Unidos,” preocupemo-nos com o domínio que essas instituições exercem sobre nossas vidas e nossos meios de subsistência. Como branco do sexo masculino, posso dizer que sei o que é ser intimidado, tratado injustamente e explorado até à alma por pessoas de aparência semelhante à minha — e, acreditem ou não, não é tão divertido quanto vocês possam supor.

Artigo original afixado por Kevin Carson em 28 de setembro de 2011.

Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.

Anarchy and Democracy
Fighting Fascism
Markets Not Capitalism
The Anatomy of Escape
Organization Theory