The following article is translated into Portuguese from the English original, written by Jason Lee Byas.
Os assassínios praticados por Christopher Dorner, do Departamento de Polícia de Los Angeles – LAPD e a caçada humana que eles desencadearam deixaram os habitantes de Los Angeles em estado de terror. Pessoas inocentes foram feridas, ou ficaram psicologicamente traumatizadas em resultado das ações de Dorner e de seus ex-companheiros policiais. Essas tragédias não foram eventos fortuitos. Foram resultado direto do governo político, de seu monopólio da violência “legítima,” e da psicologia do direito de cometê-la, atiçada por sua autoridade.
Maggie Carranza, de 47 anos, e sua mãe de 71 anos Emma Hernandez estavam entregando jornais numa camioneta que nem era da mesma cor da de Dorner quando policiais do LAPD atingiram Hernandez nas costas, hospitalizando-a. Embora Carranza não tenha sido atingida pelos disparos, foi ferida por estilhaços de vidro do para-brisa. De acordo com o advogado delas, “Não houve aviso. Não houve ordens. Nenhum comando. Só disparos.”
Logo depois em Torrance, Califórnia, o residente David Perdue enfrentou uma saraivada similar de tiros do departamento de polícia de sua própria cidade. Embora tenha escapado fisicamente ileso, provavelmente não se lembrará do incidente como simplesmente um evento comum. O trauma psicológico é impossível de dimensionar.
Felizmente, para motoristas do sul da Califórnia, a camioneta de Dorner foi descoberta incendiando-se perto da Montanha do Urso. Fica-se a imaginar quantas pessoas inocentes mais poderiam ter sido vítimas de disparos não tivesse aquele veículo sido achado.
O LAPD e departamentos de polícia das cercanias puseram o efetivo completo em ação, totalmente desenfreada sua tendência de desencadear violência letal sem aviso ou sem base maior do que mero palpite. De maneira verdadeiramente militar, a polícia inclusive utilizou um avião não tripulado [zângão, drone] de vigilância como parte da busca. Compreensivelmente, muitas pessoas sentiram-se desprotegidas.
E para quê? Embora prender Dorner — ou abatê-lo — fosse claramente uma prioridade, a maneira pela qual ele foi perseguido, a imensidade de recursos dedicados a sua captura, e a violência sem provocação infligida a civis deixaram claro que tal prioridade não estava alicerçada em segurança do público.
Considerem isso no contexto do manifesto de 6.000 palavras divulgado por Dorner concernindo corrupção entre seus colegas policiais. É difícil escapar da conclusão de que a polícia desviou quantidade desproporcional de recursos e, mais importante, conduziu guerra total aos cidadãos da Califórnia, para um ajuste de contas pessoal e político.
A perseguição foi claramente guerra de quadrilha, só tornada possível pelos monopólios territoriais que o LAPD e outras forças policiais mantêm da violência “legítima,” e do financiamento que eles extraem pela força dos cidadãos que alegam proteger e servir.
Eles não funcionam como iguais, do ponto de vista legal, aos civis aos quais põem em perigo. Sabem que nunca serão plenamente responsabilizados por suas ações, nem pagarão os custos plenos de quaisquer danos que causem, ou dos recursos de que lançam mão para fazê-lo. O pavoroso espetáculo que criaram foi tornado possível (e inevitável) pelo governo político.
Os assassínios perpetrados por Chris Dorner devem obviamente dar nojo em todo mundo, e seu senso psicológico de direito de cometer violência a seu bel-prazer era desprezível. Isso deveria ser igualmente desprezível, entretanto, se ele ainda portasse o distintivo que lhe proporcionava aquele senso de direito, antes de tudo.
O LAPD e outras forças policiais deveriam fazer tudo em seu poder para assegurar que isso nunca aconteça de novo. O primeiro passo lógico nesse sentido é a imediata dissolução delas.
Artigo original afixado por Jason Lee Byas em 13 de fevereiro de 2013.
Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.