Em defesa de Jeffrey Tucker
The following article is translated into Portuguese from the English original, written by Alex Miller.

Num texto recente publicado no site da Foundation for Economic Education chamado “Contra o brutalismo libertário“, Jeffrey Tucker pede para que os libertários reflitam sobre os motivos que os fizeram adotar essa identificação e descreve dois perfis mais gerais de libertários. São elas:

1. O humanitário, que se identifica como libertário porque se preocupa com a liberdade e a exploração dos outros.

2. O brutalista, que se identifica como libertário para justificar e desculpar qualquer comportamento indesejável ou destrutivo, contanto que não seja violento.

Tucker alega que, embora ambos sejam permissíveis dentro do libertarianismo, o humanitário é aquele que devemos celebrar e tentar emular, não o brutalista. Não devemos celebrar como uma vitória para a liberdade toda vez que um racista se recusa a prestar serviço para uma minoria ou quando um homofóbico investe numa campanha de relações públicas para desumanizar a comunidade LGBT.

Eu pensava que esse argumento não era controverso, então me surpreendir ao ver que a maioria dos comentários criticava o ponto de vista de Tucker. Depois de ler as resposta, porém, eu percebi que a maioria simplesmente não havia entendido o artigo.

Isso ficava aparente por conta do tema comum das respostas — o fato de que os discordantes tentavam atacar a posição de Tucker sobre a violação dos direitos dos brutalistas, preconceituosos etc, apesar de Tucker jamais ter defendido a negação ou a violação dos direitos de qualquer pessoa. Pelo contrário, Tucker reconhecia a legitimidade da posição brutalista dentro do movimento libertário:

“De fato, a liberdade permite tanto a perspectiva humanitária quanto a brutalista, embora isso possa parecer implausível. A liberdade é ampla e expansiva, não afirma quaisquer fins sociais em particular como únicos e verdadeiros. Dentro da estrutura da liberdade, existe a liberdade de amar e de odiar.”

“Os brutalistas estão tecnicamente certos em relação ao fato de que a liberdade também protege o direito de ser um completo ignorante e o direito de odiar”

Tucker não defende o uso de armas ou tanques de guerra para dissuadir violentamente os brutalistas — ou os fanáticos que eles defendem — de suas posições repugnantes. Ele apenas sugere que nós devemos abraçar e divulgar a posição humanitária e que, ao fazê-lo, devemos criticar, até mesmo publicamente, as motivações dos brutalistas.

Sua posição não é incoerente com a defesa dos direitos de propriedade, nem está vai de encontro a uma oposição às intervenções coercitivas empregadas pelo estado. Como afirmou Sheldon Richman em “Nós podemos lutar contra o preconceito sem os políticos“:

Agora, no momento em que uma pessoa diz que o governo não deveria ter o poder de punir as empresas de discriminarem em acomodações públicas, um interlocutor social-democrata provavelmente perguntará: “Então uma empresa deve poder recusar serviço a uma pessoa só por ela ser gay ou negra?”.

Ao que eu responderia: “Não, a empresa não deveria poder fazer isso. Mas ‘não poder’ para mim significa que nós devemos não-violentamente impor custos sobre aqueles que ofendem a decência ao humilhar pessoas com a recusa do fornecimento de serviços“. Como afirmado acima, isso incluiria boicotes, publicidade e ostracismo. O estado não deve ser visto como antídoto e, dado que sua essência é a violência, ele não deve punir condutas não-violentas, não importa o quão inaceitáveis elas sejam.

Está claro que ninguém além daqueles que defendem os preconceituosos, brutalistas, etc, está discutindo direitos de propriedade ou sua violação. Na realidade, a solução humanitária que Tucker e outros defendem é a interação entre dois ou mais indivíduos ou grupos com o respeito dos direitos de propriedade de cada um. Quando uma parte exibe publicamente comportamentos preconceituosos, anti-sociais ou desumanizantes, a outra (o humanitário) deverá mostrar sua oposição sem violência, através de boicotes, publicidade negativa ou ostracismo. O humanitário ainda respeita os direitos do preconceituoso, mas impõe a ele custos sociais e econômicos através de seus próprios direitos de livre expressão e associação. Nenhuma das partes é vítima de qualquer tipo de coerção, mas fazem uma escolha: o precoceituoso poderá modificar seu comportamento ou aceitar as consequências orgânicas de suas ações; o humanitário poderá aceitar o comportamento discriminatório ou abrir mão dos benefícios sociais e econômicos providos pelo preconceituoso. No entanto, uma terceira pessoa — o brutalista — aparece para fazer o papel de herói-defensor-da-pureza-libertária e afirma: “Ao utilizar seus direitos de propriedade para censurar atos precoceituosos, você está fazendo uso de coerção e deve parar!”.

Àqueles que rejeitaram os argumentos de Tucker com base em argumentos similares ao apresentado acima, eu pergunto: quem ou o que você realmente está defendendo? Vocês não estão defendendo os direitos de propriedade, porque eles não foram atacados. Vocês não estão defendendo as pessoas da obrigação positiva de procurar e condenar publicamente todos os fanáticos preconceituosos do mundo — ninguém defendeu a existência desse dever. Quando examinamos seus investimentos voluntários de tempo, percebemos que, na verdade, vocês apenas defendem um mundo em que racistas, sexistas e brutalistas de todos os tipos são protegidos das consequências sociais e econômicas de suas ações.

Traduzido do inglês para o português por .

Anarchy and Democracy
Fighting Fascism
Markets Not Capitalism
The Anatomy of Escape
Organization Theory