A Corrupção da Cooperação

The following article is translated into Portuguese from the English original, written by Christiaan Elderhorst.

O primeiro-ministro do Reino Unido David Cameron vem de prometer apoiar um referendo acerca do futuro do Reino Unido dentro da União Europeia se e quando ganhar a eleição geral de 2015. Políticos, por toda a Europa, estão reagindo negativamente ao discurso de Cameron, citando o apoio deles à cooperação econômica, social e política da União. Minha pergunta a eles seria: Por que terá essa cooperação de ser dirigida por um poder centralizado?

O conceito de cooperação é entendido de modo equivocado por muitas pessoas. A cooperação está baseada no entendimento de agentes individuais de que uma iniciativa pacífica e conjunta é benéfica para todas as partes. Nesse caso, ter um líder poderia, possivelmente, ser mais benéfico, mas delegar todos os poderes de tomada de decisão a um só agente dificilmente parece pré-requisito indispensável para chamar-se algo de cooperativo. Nada obstante, políticos pró-Europa sustentam a opinião segundo a qual é indispensável uma instituição centralizada para promover interdependência. Isso significa ou que os indivíduos são parvos demais para entenderem as vantagens da cooperação, ou que não há resultado benéfico real a ser alcançado. Em qualquer dos casos, chamar essa situação de “cooperação” é forçar muito as coisas.

A política supranacional não é a única área da vida onde o significado de cooperação foi distorcido. Apoligistas do capitalismo corretamente asseveram que as economias requerem cooperação entre trabalho e capital. Entretanto, eles em seguida dizem que os donos do capital precisam receber poderes exclusivos de tomada de decisão para tornarem a cooperação frutífera.

O mesmo princípio existe na visão de nossa cultura a respeito das uniões românticas. Independentemente de você ser gay ou heterossexual, há sempre a pergunta de “Quem veste as calças, neste relacionamento?” Portanto, chegamos à preocupante conclusão de que o conceito de cooperação tem sido inteiramente corrompido ao a delegação de autoridade ser vista como pré-requisito para sua existência.

Embora não fique claro qual é a opinião do próprio Cameron a respeito do assunto — se ele votaria pela permanência ou pela não permanência do Reino Unido na União Europeia — fica claro que não gosta da direção na qual está indo a União Europeia. Ele diz: “Falando de modo simples, muitas pessoas perguntam: ‘Por que não podemos ter apenas aquilo em que votamos para entrarmos: um mercado comum?’” Afinal, a União Europeia está baseada na Comunidade Econômica Europeia, amiúde conhecida como Mercado Comum pelo mundo falante de inglês. Se há benefícios na cooperação entre governos e indivíduos através de fronteiras nacionais, então a única função aceitável da União Europeia seria ajudar governos e indivíduos a concretizar esses benefícios.

Obviamente a questão toda seria irrelevante se não houvesse, para começo de conversa, fronteiras nacionais, econômicas e migratórias.Entretanto, essa ideia é convenientemente deixada fora da discussão por razões óbvias.

Ela também suscita outra questão referentes às organizações supranacionais: Eliminam elas fronteiras ou, pelo contrário, expandem-nas? Pergunta relacionada: São os sentimentos anti-União Europeia de muitos europeus sintoma de novo movimento autiautoritário ou meramente sintomas de fervoroso nacionalismo? Essas são as perguntas que realmente deveríamos estar formulando. Que tal um referendo a respeito delas, Sr. Cameron?

Artigo original afixado por Christiaan Elderhorst em 25 de janeiro de 2013.

Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.

 

Anarchy and Democracy
Fighting Fascism
Markets Not Capitalism
The Anatomy of Escape
Organization Theory