O Oriente Médio se encontra em período de grande turbulência, assolado por guerras entre facções de várias tendências políticas, étnicas e religiosas. Algumas lutam por libertação, algumas por nacionalismo, outras por fundamentalismo religioso. Enquanto a carnificina ocorre: duas coisas ficam claras: primeiro, que estas guerras resultam de décadas (talvez até séculos) de intervenções militares por múltiplos estados nacionais que tentavam pilhar a região para seu ganho econômico; e, segundo, que as nações invasoras se recusam a reconhecer seu papel no banho de sangue. Elas têm deixado isso muito claro com sua recusa em abrir as fronteiras aos refugiados sírios.
No dia 19 de setembro, o jornal inglês The Guardian relatou que países centro-europeus como a Hungria, a Croácia e a Eslovênia estão fechando suas fronteiras aos sírios que tentam escapar da guerra civil em seu país. Os refugiados foram recebidos por policiais, veículos blindados e spray de pimenta enquanto se moviam entre vários países. De acordo com o The Guardian, o grande número de refugiados fez com que a Croácia e a Hungria empregassem “[manobras] semimilitares”.
Segundo o Huffington Post, “a resistência [aos refugiados] tem sido mais rígida na Europa Central, embora a Europa Ocidental também não seja conhecida por escancarar suas portas”. Muitos dos países envolvidos estão impondo cotas para a entrada de refugiados, permitindo que apenas uma minúscula fração deles consiga asilo. Como nos Estados Unidos, os imigrantes, refugiados ou não, são desprezados e vistos como ameaças ao bem estar nacional. A xenofobia enfrentada com essas pessoas piora ainda mais a situação. Elas são privadas de suas casas, de seus modos de vida, de sua humanidade e de qualquer possibilidade de liberdade. As fronteiras nacionais são um dos maiores impedimentos à destruição desses horrores.
Não podemos permitir que a tirania das fronteiras continue. É óbvio, especialmente com a atual corrente de migração em massa de refugiados sírios sem abrigo ou segurança na Europa ou em outros países, que as fronteiras são desumanas e devem ser abolidas. Os estados nacionais e suas fronteiras ajudam a perpetuar o distanciamento de classes inteiras de pessoas simplesmente porque vivem do lado errado de linnhas políticas imaginárias. A opressão dentro e fora dos países é possibilitada pelas fronteiras. Elas criam sentimentos de animosidade que fazem com que as pessoas virem as costas a outros seres humanos simplesmente porque vêm de outras regiões e não compartilham de seus costumes. As fronteiras também dão aos políticos e a seus exércitos uma justificativa para cometer atos brutais contra os “outros”, humilhando-os, prendendo-os ou matando-os.
Enquanto anarquistas, devemos fazer o que podemos para ajudar os refugiados de todos os tipos. Podemos fazer isso promovendo a dissolução das fronteiras, da conscientização dos custos e das raízes da guerra ou simplesmente estendendo a mão aos refugiados, dando-lhes a possibilidade de recomeçar se o retorno ao lar é inviável. Já há esforços feitos por anarquistas para assistir os refugiados (veja aqui e aqui) e são iniciativas que merecem o apoio de todos aqueles que buscam um mundo livre das fronteiras e dos estados nacionais. Qualquer contribuição pode ajudar um refugiado a encontrar segurança nestes tempos difíceis. Se queremos parar a crise de refugiados e evitar novas turbulâncias, devemos considerar os males tremendos que as fronteiras causaram no passado e continuarão a causar no futuro.
Traduzido por Erick Vasconcelos.