The following article is translated into Portuguese from the English original, written by Darian Worden.
Apoiar leis de controle de armas de fogo significa dar ao governo mais crédito do que ele merece. O governo é uma instituição administrada e integrada por pessoas com seus próprios interesses e personalidades. São essas pessoas mais perspicazes, mais competentes, ou menos tendentes a intensificar violência do que a pessoa média?
No mínimo, os interesses e incentivos institucionais se conjugam com a dificuldade de responsabilizar os agentes do governo para tornar estes mais perigosos. As leis que eles fazem cumprir tornam-nos ameaça ainda maior à segurança pública. Funcionários do governo com armas de assalto entram nas casas das pessoas se sobre estas recair suspeita de terem a posse de medicamento não aprovado, de não terem pago o banco, ou se acontecer de morarem no endereço errado. Se tais funcionários do governo se sentirem ameaçados durante seu acesso de adrenalina, tenderão a atirar nos aterrorizados residentes e em seus animais de estimação — e a sair impunes. Não me sentiria nada seguro sabendo serem essas as únicas pessoas que podem comprar legalmente pentes de 30 cartuchos.
Dispersar as ferramentas de defesa pessoal entre os indivíduos e comunidades consensuais torna a vida mais segura, ao reduzir o poder dos (e na verdade a necessidade percebida de) protetores oficiais militarizados.
Obviamente, nem todo mundo representa a média, e a violência cometida com armas de fogo por cidadãos privados é algo muito sério. Entretanto, a preponderância da violência é amiúde sintoma de desequilíbrio de poder, usualmente compelido pelo governo.
Disparos em massa ocorrem amiúde, mas não sempre, em instituições de hierarquia rígida, onde um invidíduo tornado impotente pelo sistema vê na violência agressiva meio de obtenção de poder por meio de conquista. Tais motivações podem ser limitadas por meio de posse disseminada de poder baseada no respeito pela autonomia, e pelo cultivo de responsabilidade em vez de obediência.
É verdade, nem todo disparo em massa encaixa-se nesse padrão, e infelizmente é duvidoso que qualquer sociedade consiga impedir inteiramente assassínios. É possível, porém, reduzir o número de vítimas. A melhor maneira de fazer-se isso é por meio de redução da desadaptação institucionalizada e de estímulo para que as pessoas da comunidade assumam responsabilidade pela defesa, em vez de recorrerem às — e esperarem ajuda das — autoridades do governo. Ter armas poderosas com grandes pentes poderá ajudá-las a conseguir isso. Afinal de contas, os departamentos de polícia mencionam cenários de atirador ativo(*) para explicar por que precisam daqueles tipos de armas de fogo enquadradas nas proibições de armas de assalto. (* active shooter – O Departament of Homeland Security [Departamento de Segurança da Pátria/Departamento de Segurança Interior/Departamento do Interior] dos Estados Unidos define como active shooter [atirador ativo] indivíduo ativamente empenhado em matar ou tentar matar pessoas em área confinada e povoada; na maioria dos casos, o atirador ativo usa armas de fogo e não há padrão ou método para escolha de suas vítimas. Ver Wikipedia.)
A maior parte da violência letal cometida por cidadãos privados ocorre em áreas que padecem de discriminação institucionalizada. Segregação econômica não oficial leva certas áreas a terem as piores escolas, as forças policiais mais hostis, os menores níveis de investimento, e o maior ônus de perigos ambientais. São lugares onde grupos raciais minoritários, vitimados pela intolerância dos poderosos, vivem. Os Panteras Negras reconheciam isso; seu programa de andar ostensivamente exibindo armas era parte de seu programa de melhoramento e exercício de poder pela comunidade.
Hoje, a política do governo — levada a efeito pelo monopólio dos que defendem o controle das armas do povo por meio de armas de assalto — torna os bairros em campos de batalha na guerra às drogas, enquanto a política local tenta isolar o problema em distritos escolares específicos. Os jovens são assediados e obscena percentagem de adultos é encarcerada, sufocando o potencial para desenvolvimento aberto e pacífico da comunidade.
Os Panteras Negras originais não eram perfeitos, mas permanecem instrutivos. Certamente ganharam atenção. Rebeldes no sopé de todo desequilíbrio de poder podem provavelmente aprender lições valiosas da experiência deles.
Enquanto tornamos a sociedade mais compassiva — o que não pode ser feito sem o cultivo de respeito pela liberdade e a autonomia — deveríamos respeitar os direitos a armas de fogo de todos os indivíduos responsáveis. É de surpreender que uma pessoa de 18 anos possa votar e servir na instituição militar, mas não possa portar uma arma de mão para defesa própria, especialmente por no passado ter sido comum estudantes rurais trazerem armas para a escola e as deixarem na sala do diretor para poderem caçar antes ou depois das aulas. Se as armas forem vistas como algo conhecido mas perigoso, em vez de fontes misteriosas de poder proibido, provavelmente serão manuseadas mais responsavelmente.
A alternativa a movermo-nos rumo à liberdade é tornar a sociedade mais parecida com uma prisão, com paramilitares fortemente armados montando guarda enquanto aqueles considerados “desajustados” ficam sujeitos a exames de “saúde mental.” O caminho para maiores responsabilidade, responsabilização e compaixão é encontrado na persecução da liberdade.
Artigo original afixado por Darian Worden em 18 de janeiro de 2013.
Traduzido do inglês por Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme.