A diferença entre anarquismo de mercado e anarcocapitalismo é uma questão duvidosa e um tanto quanto semântica. Anarcocapitalistas escolhem usar a palavra “capitalismo” porque acreditam que a palavra denota um sistema econônimco laissez faire — livre de controle governamental. Já anarquistas de mercado são bem mais críticos ao capitalismo por acreditarem que o termo não denota um sistema econômico realmente livre.
Eles evitam usar a palavra “capitalismo” porque ela remete ao nosso sistema econômico fechado, dominado por corporações e repleto de desigualdade social. Anarquistas de mercado consideram que “capitalismo” coloca muita ênfase no capital, o que implica no domínio por parte dos donos dos meios de produção — uma forma de opressão à qual os anarquistas se opõem. Muitos anarquistas de mercado acreditam que, numa sociedade livre, o mundo seria bastante diferente de como é hoje em dia sob o capitalismo. Eles acreditam que mercados livres não resultariam no domínio das corporações e na estrutura hierárquica das empresas. Se empresas hierárquicas existissem, seriam raras. Como Gary Chartier e Charles Johnson dizem em Markets Not Capitalism: “Anarquistas de mercado acreditam em transações de mercado, não em privilégio econômico. Acreditam em mercados livres, não em capitalismo”.
Anarcocapitalistas acreditam ser desejável uma economia capitalista laissez faire para maximizar a liberdade e o desenvolvimento humano. Já o anarquismo de mercado não tem a intenção de prescrever um sistema econômico desejável. Ao invés disso, o anarquismo de mercado reconhece que nem todos numa sociedade livre prefeririam fazer parte de um mercado voltado para o lucro e, sendo assim, sistemas econômicos alternativos poderiam surgir — como por exemplo cooperativas, economias de oferta (gift economies) e comunas. Por mais que anarquistas de mercado por vezes defendam transações de mercado, pluralidade e descentralização são também extremamente importantes. Anarquistas de mercado não veem qualquer problema nestes diferentes sistemas econômicos voluntários, desde que coexistam pacificamente.
Traduzido por Paola Delfino.