Emily Ekins, da Reason Foundation, escreveu em fevereiro: “Uma recente pesquisa da Reason-Rupe pediu que os americanos avaliassem tendências em relação ao capitalismo, ao socialismo, à economia de mercado e a uma economia planejada pelo governo”. Não foi surpreendente perceber que, dessas escolhas, os americanos eram mais favoráveis ao livre mercado — quase 7 de cada 10 perguntados afirmava ter uma opinião positiva a respeito de uma economia livre. O capitalismo não era tão bem visto, contudo. Apenas 55% dos entrevistados tinha uma opinião positiva a respeito do sistema. As opiniões positivas a respeito de uma economia gerenciada pelo governo eram as menos prevalentes, compondo apenas 30% das respostas, enquanto 36% das pessoas tinham uma visão positiva do socialismo. Os resultados dessa pesquisa são interessantes e têm implicações interessantes e profundas para aqueles dentre nós que se preocupam com a mensagem da liberdade humana.
Os resultados mostram que, para a maioria das pessoas em todo o mundo, “livre mercado” não é sinônimo de “capitalismo” — o que é exatamente o que os anarquistas individualistas e os defensores do livre mercado mais à esquerda têm afirmado há muito tempo. Por que, então, os libertários deveriam continuar a alienar as pessoas de sua filosofia com a idiossincrática insistência de que o “capitalismo” é o sistema econômico que defendem? O termo “capitalismo” atualmente conota injustiça econômica, exploração e o roubo de recursos naturais comuns pela elite — na opinião deste autor, todas essas opiniões são plenamente justificáveis. As palavras significam o que as pessoas acham que significam. De fato, muitos libertários historicamente se opuseram ao capitalismo, enxergando-o como sistema contrário aos princípios do livre mercado — algo pouco conhecido pelos americanos.
O libertarianismo é geralmente retratado no debate político como a ideologia do capitalismo, da ganância corporativa e de uma expressão tóxica da globalização. Muitos libertários aprovam as práticas corporativas do McDonald’s, da Nike, defendem ambientes abusivos de trabalho, “privatizações” corruptas e acordos de “livre comércio” que incluem estritas cláusulas de proteção à propriedade intelectual. Não é de admirar que pessoas que geralmente se importem com a justiça e com as condições de vida dos mais pobres evitem o libertarianismo a todo custo, apesar do fato de que os libertários efetivamente possuem boas explicações para as injustiças econômicas e para a realidade da concentração de riquezas. Para construir uma ponte entre os libertários e as pessoas que podem ouvi-los, aqui eu apresento duas definições da palavra “capitalismo” oferecidas pelo libertário do século 19 Joshua King Ingalls:
Capitalismo — Sistema de instituições sociais ou industriais pelas quais um explorador se torna capaz de se apropriar do excedente da indústria, que pertence e normalmente seria ganho pelo trabalhador ou seria retornado à terra. Uma relação anormal do trabalho em relação ao comércio, que sujeita o trabalho ao controle do dono da terra ou de qualquer propriedade ou bens pelos quais a terra será negociada.
O capitalismo é a redução sistemática dos muitos a uma condição de necessidade, de forma que seja possível tirar vantagem de sua carência.
Com o livre e igual acesso a recursos naturais como a terra, com amplas oportunidades para competir sem as leis classistas que protegem e subsidiam algumas profissões e indústrias, e com a capacidade de explorar livremente e empregar as leis científicas no trabalho sem as restrições das leis de direitos autorais e patentes, um livre mercado começa a parecer bastante diferente do capitalismo. E isso é bom para os libertários. Nós não temos que abrir mão de nossa moralidade sempre que questões de desigualdade e injustiça forem levantadas. Ao contrário, nós podemos demonstrar com confiança que, quando finalmente testarmos um livre mercado, não teremos que nos preocupar com o capitalismo e seus muitos defeitos.
Traduzido por Erick Vasconcelos.