Nas últimas semanas, o vírus do ebola domina as manchetes. A Associated Press reportou que uma enfermeira na Espanha foi a primeira pessoa a contrair o ebola fora da área de crise da doença na África Ocidental. A enfermeira tratava dois missionários que viajaram para as regiões contaminadas e contraíram a doença.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 3 de outubro, haviam sido registradas 3.439 mortes na África. Há atualmente 4.792 indivíduos sabidamente infectados na região. Nos Estados Unidos, há relatos de infecções possíveis no Texas e em Washington DC. Por esse motivo, o ebola tem estimulado discussões sobre o controle de pandemias.
Infelizmente, toda questão é politizada nos EUA. Você só tem que escolher um partido e papagaiar a posição oficial, porque os lados já foram determinados. Qualquer comentarista conservador vai expor a necessidade urgente de fechar as fronteiras americanas e proibir as viagems indo e voltando da África Ocidental. A esquerda institucional trombeteia a eficácia das instituições existentes. As duas abordagens defendem o poder do estado para combater pandemias – mas será que isso é benéfico?
Fechar as fronteiras não fará com que os cidadãos americanos sejam protegidos do ebola, porque não é necessário para nos manter seguros. A contaminação por ebola é difícil. O vírus não se espalha pelo ar. A doença se espalha rapidamente na África por conta de uma má infraestrutura de saúde e costumes ultrapassados no manejo de corpos de pessoas falecidas. Esse não é o caso em nações industrializadas, onde uma epidemia de ebola é muito improvável. O fechamento das froonteiras é apenas mais uma causa nacionalista da direita. O jargão utilizado é o sensacionalismo e a promoção do medo dos “outros”, que podem apenas nos machucar.
Em relação à esquerda, uma investigação interna do Departamento de Segurança Interna (DHS) dos EUA, intitulado “O DHS não gerenciou adequadamente equipamentos de proteção a pandemias e contramedidas antivirais médicas“, revela que a estrutura existente de poder não está preparada para controlar uma epidemia real. O relatório observa que o DHS “não conduziu adequadamente uma avaliação de necessidades antes de comprar materiais para a gerência de pandemias e não gerenciou corretamente seu estoque de equipamentos de proteção e de antivirais”. Há uma preocupante ineficiência em todos os pontos da governança de grande escala, mas essa é uma causa que a esquerda está sempre disposta a defender.
Mas e quanto ao mercado? Instituições que trabalham para proteger a sociedade da deflagração de doenças são legítimas, mas a autoridade central limita essas instituições e frequentemente perpetua a ineficiência. As autoridades também restringem o princípio libertário da livre associação e, portanto, uma abordagem em rede e adaptativa das gerência de crises. Essa restrição empodera uma burocracia elitista que é mal esquipada para lidar com mutações rápidas de vírus.
Todos os governos, conservadores ou progressistas, são grandes demais. Liberado do monopólio estatal, o mercado pode cultivar alternativas à abordagem de grande escala à gerência de infecções. Precisamos apenas dar uma chance ao poder social.
A Firestone, por exemplo, de acordo com a National Public Radio, “fez o que os governos não conseguiram: pararam o ebola”. Quando a esposa de um empregado contraiu o vírus, a empresa de pneus colocou a família em quarentena para impedir novas infecções. Além disso, a Firestone construiu um centro de tratamento próprio. O chefe executivo dos Centros de Controle de Doenças e Times de Prevenção na Libéria, o Dr. Brendan Flannery, descreve os esforços da Firestone como “engenhosos, inovadores e efetivos”. Com a continuidade na epidemia na África, a Firestone está salvando vidas enquanto o governo fracassa. Esse modelo pode agora ser emulado por outras instituições, cooperativas e redes privadas.
É sempre importante lembrar que a organização social, na liberdade, é dinâmica e complexa. Essas propriedades permitem a existência de instituições adaptativas, federações e sistemas de governança. Na ausência de controles autoritários, a coordenação e a colaboração podem formar políticas efetivas de gerência que atendam às nossas necessidades em momentos que requerem ações rápidas – muito mais do que qualquer hierarquia e sistema burocrático poderia. A transição às estruturas descentralizadas de poder é uma tendência do século 21. Essa tendência pode salvar inúmeras vidas se uma pandemia de fato vier a ocorrer.
Traduzido por Erick Vasconcelos.